Imediatismo Digital: como lidar com a era da informação rápida
Os pacientes já chegam ao consultório informados pelo ‘Dr Google’ e exigem respostas rápidas a problemas complexos. Como administrar seu tempo e as expectativas dos clientes na realidade digital?
Olhe ao seu redor….por mais que você não goste (ou admita), tudo ao seu redor (e a seu alcance) foi extremamente mudado pela tecnologia. Desde o surgimento do computador pessoal (na década de 80), sua popularização (na década seguinte), a chegada da internet (na segunda metade da década de 90) e, sobretudo, a revolução causada pela invenção do 1º iPhone (2007) e a consequente posterior popularização do mercado de dispositivos móveis, conhecidos como smartphones, nossa vida sofreu uma reviravolta e nos tornamos completamente dependentes, e algumas vezes viciados, em tecnologia.
Faça um pequeno teste: caminhe por alguns minutos na rua e perceba a quantidade de pessoas que acessam a internet ou que estão conectadas ao smartphone. Aposto que mais de 70% dos indivíduos estarão nessa situação.
Vivemos numa era em que há a necessidade de informações cada vez mais rápidas e urgentes. Nossos smartphones tornaram-se extensão do trabalho.
Hoje, cada vez mais a informação está ao nosso alcance – ou melhor, dentro do nosso bolso.
Entretanto, como tudo na vida humana, coexistem 2 faces de uma mesma moeda, uma vantagem e uma desvantagem, um lado bom e um lado ruim, basta você escolher qual deles lhe atenderá.
VOCÊ SE LEMBRA COMO ERA PESQUISAR ARTIGOS 20 ANOS ATRÁS?
No passado, marcávamos um encontro pelo telefone fixo, combinávamos hora e local, e esperávamos pacientemente pela chegada da outra pessoa. Hoje, combinamos no trajeto, usamos mensagens instantâneas e, algumas vezes, aplicativos de geolocalização para saber se a pessoa já esta a caminho ou próximo de chegar.
Pacientes, colegas, alunos, todos querem/desejam informações/respostas cada vez mais rápidas. São mensagens e e-mails para responder que vão lhe soterrando e acumulando uma carga cada vez maior de trabalho. Vivemos a era do “imediatismo digital”, em que um minuto é uma eternidade, em que precisamos disputar a atenção do interlocutor com o sistema de mensagens instantâneas. Aprendemos a tornamo-nos seres humanos multitarefas, resolvendo várias coisas ao mesmo tempo.
Por outro lado, o imediatismo também proporcionou uma rapidez na divulgação e no acesso à informação. Lembro da dificuldade em conseguirmos artigos científicos antes da era da internet: precisávamos estudar dentre as referências bibliográficas os artigos que nos interessavam, depois procurá-los um a um nas revistas impressas que se encontravam disponíveis em grandes bibliotecas nas Universidades, pedir permissão ao bibliotecário e finalmente tirar uma fotocopia. Para aqueles exemplares que não existiam fisicamente na Universidade, fazíamos uma solicitação para bibliotecas conveniadas que possuíam o exemplar impresso e solicitávamos o envio de uma fotocopia. Em último caso, quando não se encontrava o referido volume em nenhuma das bibliotecas conveniadas, escrevíamos uma carta diretamente ao autor para solicitar uma cópia do artigo original. Uma simples pesquisa bibliográfica durava meses, às vezes anos. Fora o acúmulo de pastas e pastas com artigos científicos fotocopiados que se amontoavam, e depois precisavam ser catalogados de alguma forma para que os outros membros da pesquisa pudessem usar ou, pelo menos, achar aquela informação. Hoje, conseguimos fazer uma revisão bibliográfica e conseguir os artigos necessários para elaborar um artigo cientifico sentados na comodidade de nossa casa/ consultório.
A TECNOLOGIA, O MÉDICO E OS NOSSOS PACIENTES
Esse imediatismo digital também transformou nossa relação com os pacientes. Gostemos ou não, eles têm como nos alcançar mais rapidamente, seja procurando na internet seu email ou mesmo o telefone celular. Seus exames são gerados em computadores poderosos, o prontuário é eletrônico, assim como o agendamento. Isso tudo sem falar no acesso à informação sobre prevenção, diagnóstico e tratamento de patologias. O “doutor Google” passou a ser um “concorrente” na obtenção de informações sobre doenças, papel antes reservado apenas aos profissionais da área médica. Hoje, o médico deve estar preparado para sabatina imposta pelo paciente e pela sua ansiedade por respostas rápidas assim que adentra o consultório.
Como consequência, as frases que mais escutamos hoje em dia são: “Estou ocupado!”, “Não tenho tempo para isso!” e “Hoje não posso, vamos deixar para depois!”.
Precisamos saber lidar com essa enorme quantidade de informação/tarefas do dia-a-dia. Pensado nisso, vários métodos foram criados para gerenciar melhor seu tempo e essa avalanche de coisas a serem resolvidas. Vale a pena destacar o método de conhecido como GTD (“Getting Things Done” de David Allen).
Com a chegada dos aplicativos para smartphones, essa metodologia pode ser utilizada de maneira mais eficiente, e integrar realmente o nosso cotidiano. Existem 2 aplicativos muito interessantes para essa finalidade. Um deles é um poderoso organizador de notas (Evernote) e outro um gerenciador de tarefas (Wunderlist) . Contudo, não é apenas instala-los no seu dispositivo, você deve realmente integra-los na sua rotina.
“A vida é aquilo que lhe acontece enquanto você esta ocupado fazendo outros planos”
(John Lennon, 1940-1980)
Portanto, faça as escolhas certas, gerencie melhor seu tempo, e o economize para gastar com aqueles que o amam.