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Resumos das novas orientações para UTIs Pediátricas da AAP

Novas guidelines sugerem 03 categorias de UTIs pediátricas; confira os serviços e profissionais que devem estar disponíveis em cada uma delas.

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A edição de outubro da Pediatrics trará uma importante revisão de guidelines sobre UTIs Pediátricas (UTIPs), com novas classificações e orientações para centros de saúde e profissionais da área. Especialistas da AAP (American Academy of Pediatrics) e da SCCM (Society of Critical Care Medicine) analisaram dados de 329 artigos e compilaram três novas categorias de UTIPs, com base em informações como admissão, transferência e liberação de pacientes, e que alteram substancialmente as últimas guidelines, de 2004.

Um resumo do estudo já está disponível este mês no website da Pediatrics.

PORTALPED - Guidelines UTIs Pediatricas - AAPO ESTUDO

  • Executive Summary: Criteria for Critical Care of Infants and Children: PICU Admission, Discharge, and Triage Practice Statement and Levels of Care Guidance
  • Benson S. Hsu, Vanessa Hill, Lorry R. Frankel, Timothy S. Yeh, Shari Simone, Marjorie J. Arca, Jorge A. Coss-Bu, Mary E. Fallat, Jason Foland, Samir Gadepalli, Michael O. Gayle, Lori A. Harmon, Christa A. Joseph, Aaron D. Kessel, Niranjan Kissoon, Michele Moss, Mohan R. Mysore, Michele E. Papo, Kari L. Rajzer-Wakeham, Tom B. Rice, David L. Rosenberg, Martin K. Wakeham, Edward E. Conway Jr, Michael S.D. Agus
  • Pediatrics, September 2019
Acesse o resumo do estudo

 

EVOLUÇÃO DAS GUIDELINES SOBRE UTIs PEDIÁTRICAS

As primeiras guidelines sobre UTIs pediátricas são de 1993. Em 2004, na primeira revisão, o documento descreveu duas categorias para as UTIPs, chamadas de “Level I” e “Level II“. Agora, em 2019, a nova guideline aumenta o número de categorias, além de modificar completamente o que cada uma significa.

Nas guidelines de 2004, UTIPs “Level II” eram adequadas para pacientes, em geral, com problemas menos severos, mas com doenças crônicas. Pacientes de alta gravidade e que necessitavam de cuidados intensos requereriam UTIPs de “Level I”.

PortalPed - UTIs Pediatricas - imagem interna 01

De acordo com a publicação da Pediatrics, as três novas categorias de UTIPs propostas são:

  • UTIPs comunitárias: nova denominação das UTIPs “Level II” das guidelines de 2004. São centros localizados em hospitais que oferecem cuidados médico-cirúrgicos e uma gama de serviços voltados à terapia intensiva pediátrica.
  • UTIPs terciárias: quando comparados às UTIPs comunitárias, estes centros possuem capacidades ampliadas de cuidados para crianças criticamente doentes. São correspondentes às UTIPs “Level I” das guidelines de 2004. Podem oferecer a maior parte dos serviços médicos e cirúrgicos para Pediatria, além de possuírem suporte respiratório avançado, como ventilação oscilatória de alta frequência. Todavia, não possuem, necessariamente, suporte à oxigenação extracorpórea por membrana, nem serviços de transplante.
  • UTIPs quaternárias/especializadas: nova categoria criada em 2019. Em termos geográficos, são centros regionais, abrangendo a população atendida pelas UTIPs terciárias e comunitárias. Fornecem serviços médicos de amplo escopo para todos os pacientes pediátricos criticamente doentes, incluindo cirurgias cardiovasculares e transplantes. UTIPs especializadas, como as focadas em problemas cardiovasculares, são incluídas nestas categorias.

 

Cada uma das novas categorias possui uma lista de serviços obrigatoriamente oferecidos, assim como de profissionais que devem estar disponíveis. Além dos itens obrigatórios, o documento revela indicações de técnicas e/ou profissionais “desejáveis” e “opcionais” em cada centro. Resumimos, na tabela a seguir, os recursos adequados a cada uma delas:

LEGENDA: ECMO: Extracorporeal Membrane Oxygenation (Oxigenação por Membrana Extracorpórea) ; ECLS: Extracorporeal Life Support (Suporte de Vida Extracorpóreo) ; VAD: Ventricular Assist Device (Ventrículo artificial/externo) ; NE: Não essencial ; EEG: eletroencefalograma ; HFNC: High Flow Nasal Cannula (cânula nasal de alto fluxo) ; CPAP: Continuous Positive Air Pressure ; BPAP: bilevel positive airway pressure ; NPV: Noninvasive Pulmonary Ventilation (ventilação mecânica avançada) ; HIFV: High Frequency Ventilation; HFOV: High Frequency Oscillatory Ventilation (ventilação de alta frequência) ; RM cardíaca: Ressonância Magnética cardíaca.

 

Acesse o link a seguir para visualizar a Tabela completa das guidelines, com orientações sobre os profissionais desejáveis em cada uma das unidades.

Ver Tabelas Completas das Guidelines 2019

 

A IMPORTÂNCIA DAS ORIENTAÇÕES SOBRE UTIs PEDIÁTRICAS

De acordo com os autores, as guidelines de 2004 foram utilizadas inúmeras vezes por lideranças médicas e políticas para pleitear melhores condições de trabalho, mais equipamentos e profissionais, assim como lutar por melhores espaços físicos para a criação de centros de tratamento pediátrico de alta qualidade.

Estabelecer categorias diferentes de UTIs pediátricas pode ajudar hospitais e profissionais de saúde a definir ou criar serviços de excelência, capazes de atender as demandas de sua comunidade e de oferecer as melhores taxas de sucesso nos tratamentos de pacientes críticos.

As mudanças no mundo médico desde 2004 foram tão dramáticas que estas guidelines precisaram ser atualizadas. Avanços científicos e tecnológicos criaram uma nova geração de profissionais capazes de tratar crianças em áreas de extrema especialização, como medicina cardiovascular e neurocirúrgica, utilizando novas técnicas e trazendo resultados animadores para o panorama do cuidado crítico pediátrico.

“Nos últimos 15 anos, houve avanços dramáticos em cuidados intensivos na medicina pediátrica, assim como em subespecialidades relacionadas, como cardiologia, transplante, neurologia, trauma e oncologia”, escreveu o Dr. Benson Hsu, um dos autores do estudo e membro da AAP. “Além disso, o panorama das unidades de terapia intensiva pediátricas mudou, com um crescimento explosivo em UTIPs especializadas, como aquelas focadas em cuidados cardiovasculares e neurocríticos”.

“Estes três tipos de UTIP trarão o melhor tratamento possível para pacientes pediátricos criticamente doentes, em um ambiente que é o mais adequado para lidar com os problemas médicos ou cirúrgicos que a criança e sua família enfrentarão”, escreveu um dos coautores das novas orientações da AAP em um comunicado.

 

 

REFERÊNCIAS CIENTÍFICAS

  • Executive Summary: Criteria for Critical Care of Infants and Children: PICU Admission, Discharge, and Triage Practice Statement and Levels of Care Guidance
    • Benson S. HsuVanessa HillLorry R. FrankelTimothy S. YehShari SimoneMarjorie J. ArcaJorge A. Coss-BuMary E. FallatJason FolandSamir GadepalliMichael O. GayleLori A. HarmonChrista A. JosephAaron D. KesselNiranjan KissoonMichele MossMohan R. MysoreMichele E. PapoKari L. Rajzer-WakehamTom B. RiceDavid L. RosenbergMartin K. WakehamEdward E. Conway JrMichael S.D. Agus
    • Pediatrics. September 2019
  • Criteria for Critical Care Infants and Children: PICU Admission, Discharge, and Triage Practice Statement and Levels of Care Guidance
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